E houve uma repercusso negativa?

Sempre tem, principalmente porque o Brasil um pas extremamente moralista e hipcrita. A nudez da mulher usada para tudo, para vender todo tipo de produto. Com carros, cerveja e Carnaval, tudo bem [ficar nua]. Mas quando ns usamos a nudez da mulher para vender um ideal, as pessoas falam que putaria, que exibicionismo.

Qual o poder de mostrar o corpo em uma poca que a nudez to banalizada?

Como ns descontextualizamos nosso corpo da nudez convencional, e isso se torna poderoso. Quando algum est sambando nua na avenida, todo mundo acha bonito. Mas quando voc v uma mulher ou uma minoria em um lugar que ela no deveria estar, na lgica da sociedade patriarcal, fazendo uma coisa que ela no deveria fazer, isso incomoda. Basta voc descontextualizar o seio, a nudez, que voc passa a chocar, que voc passa a ter um efeito muito grande sobre as pessoas. Quase que a gente obriga as pessoas a pensarem, por um segundo, naquilo que est escrito em nossos seios.

H alguma personalidade feminista que te inspira mais?

Por mais que eu tenha estudado teoria do feminismo, eu acho tudo muito chato. Eu li O Segundo Sexo, da Simone de Beauvoir e achei muito chato. Eu acho que a gente tem que trabalhar em algo que atinja as mulheres simples, que atinja as minorias.

Como foi o protesto ocorrido no aeroporto Tom Jobim, em fevereiro deste ano?

Foi bom, a gente no foi presa. A inteno do protesto era mandar os turistas sexuais que vieram para o Carnaval, de volta para a casa. E ns conseguimos passar nossa mensagem.

Como voc avalia a cobertura da mdia brasileira sobre o Femen Brazil?

Ruim, a mdia europeia bem melhor. Na Frana principalmente, eles tomam muito cuidado com citaes, com nmeros e estatsticas. E aqui no Brasil, eu no consigo confiar, a mdia no toma o devido cuidado com citaes chegando a inventar coisas que no falamos, ou confunde o motivo do protesto, o nmero de participantes.