Punhos em riste, seios à mostra e slogans provocadores, pintados no pele: estas são as marcas registradas das ativistas do Femen. E elas pelo menos causam bastante confusão, onde quer que protestem contra o sexismo e a opressão. Recentemente, para apoiar a ativista tunisiana Amina Tyler, convocaram um "Topless Jihad" em diversas cidades europeias. Elas protestaram diante de locais como a mais antiga mesquita de Berlim ou a embaixada tunisiana em Paris, carregando na pele dizeres como "Free Amina" e "Fuck Islamism".
No início de março, Tyler havia postado fotos na internet onde aparecia com os seios à mostra e "O meu corpo me pertence" escrito no peito. Quando religiosos ultraconservadores exigiram sua morte por apedrejamento, as ativistas do Femen convocaram ações de protesto.
Algumas muçulmanas se voltaram contra a ativista
No último fim de semana, Tyler declarou à TV francesa que ficara contente com a solidariedade. Mas ao queimar uma bandeira com a profissão de fé islâmica diante de uma mesquita em Paris, as ativistas teriam ido longe demais. "Dessa forma, elas ofenderam não somente alguns, mas todos os muçulmanos", explicou. Além disso, ela revelou que teme por sua vida e que cogita deixar a Tunísia.
A natureza intransigente das ações do Femen e as palavras provocadoras que portam em cartazes e no corpo, também irritam outras pessoas. Após o "Topless Jihad", formou-se um grupo denominado Muslim Women Against Femen (Muçulmanas contra o Femen), que declarou no Facebook considerar o Femen anti-islâmico e imperialista.
"Femen pratica o feminismo brutal"
Hilal Sezgin considera o Femen antiquado e cheio de clichês
Também a escritora e jornalista Hilal Sezgin vê as ações do grupo de forma crítica. "Fico surpresa que essa forma de feminismo brutal e simplista ainda possa existir em 2013. Quando eu era feminista ativa no início da década de 1990, havia ações tematizando a prostituição. Já naquela época, nós nos perguntávamos como executar tais ações sem sermos dominantes nem paternalizar as mulheres", comentou à Deutsche Welle.
Segundo a escritora, o feminismo moderno se ocupa de forma concreta dos problemas das mulheres. "Há muito sabemos que o feminismo é uma espécie de solidariedade com as mulheres, entre as mulheres e para as mulheres." Essa solidariedade significa descobrir o que é importante para aquelas com quem as feministas deveriam estar se conectando. "Isso é exatamente o que as ativistas do Femen não fazem. Elas usam clichês anti-islâmicos clássicos: mulheres oprimidas de véu, a que supostamente se contrapõe a nudez ocidental."
Só à moda Femen
Ativistas diante da embaixada tunisiana em Milão
O Femen formou-se cinco anos atrás na Ucrânia,e afirma possuir mais de 200 membros em todo o mundo. O grupo defende suas ações e pretende manter sua forma de protesto. Opressão é opressão, e deve ser combatida da mesma forma em todos os lugares, declarou a ativista Alexandra Shevchenko à DW.
"Compreendemos que muitas muçulmanas nos veem como gente que quer ditar como devem viver." Mas o grupo não é assim e não quer ser visto dessa forma, assegurou. Esse "não querer ser visto dessa forma" leva, no entanto, também a certa falta de comunicação entre o Femen e as feministas locais. Um diálogo, da forma que Hilal Sezgin defende, parece não existir.
"Estamos à procura de muçulmanas que digam: 'Sim, somos como elas; sim, nós sentimos a mesma compulsão que vocês. Nós apoiamos a sua luta, da forma como a estão lutando'", disse Shevchenko. Ela gostaria de colaborar com as feministas dos países muçulmanos. A condição, no entanto, é que estas apoiem os pontos de vista do Femen e suas formas de protesto.
Shevchenko explica que as críticas do Muslim Women Against Femen se originariam no fato de que "as mulheres muçulmanas estão profundamente ancoradas em sua família e no seu meio ambiente". Encontrar o próprio caminho não é fácil para quem nasce num país ou sociedade definidos por uma determinada ideologia, alega a ativista.
Via: dw.de
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