Ativistas ucranianas do Femen protestam, em Zurique, contra a …

Os próximos dois meses serão de muita correria, trabalho, viagens, barulho e prisões para a jornalista ucraniana Inna Shevchenko.

A ativista de topless, como se define, e porta-voz do Femen, sabe que o midiático grupo feminista roubará as atenções na Eurocopa.

E pretende aproveitar cada segundo de exposição que a competição realizada por Polônia e Ucrânia, entre os dias 8 de junho e 1º de julho, lhe trará para apresentar ao mundo as causas que defende.

"Vamos atacar todos os encontros oficiais, todas as partidas, tudo que tiver alguma ligação com a Eurocopa", promete a ativista, em entrevista por telefone à Folha.

A arma principal será a mesma que fez essa organização formada por universitárias de Kyiv, em 2008, ser conhecida internacionalmente e ganhar voz para poder espalhar sua mensagem.

Um exército de 40 ativistas jovens e bonitas realizando performances teatrais e exibindo corpos quase nus.

O grupo, que antes de inserir os topless nos protestos não era famoso nem dentro de seu próprio país, considera que a melhor forma de lutar contra a exploração sexual é usando o seu sex appeal.

"Mas é diferente. Não estamos vendendo nossos corpos, estamos os usando para transmitir uma mensagem", afirma Shevchenko.

O Femen é radicalmente contra a Euro na Ucrânia. A organização considera que a competição será uma "tragédia para as mulheres" e irá alimentar a já vigorosa indústria da prostituição no país.

A ex-nação soviética é a maior exportadora de garotas de programa da Europa. Segundo o Instituto de Estudos Sociais da Ucrânia, o país tinha no ano passado 50 mil prostitutas. O grupo diz que o número é bem maior.

"Temos grandes recursos: mulheres lindas, pobres e de pouca educação. É muito fácil usá-las como escravas", diz a porta-voz do Femen.

"Os turistas vão ver duas horas de futebol por dia. E no resto do tempo vão querer bebida e sexo. A indústria sexual vai crescer rapidamente."

Shevchenko não tem a ilusão de mudar esse cenário até o início da Euro. Mas acredita que a exposição do problema durante o torneio pode criar uma pressão internacional favorável à organização.

"O problema é que as máfias controlam o governo e elas lucram com a prostituição, que é ilegal no país. Quando denunciamos um bordel para um policial, ele dá risada", conta a ativista.

Orgulhosa, ela elenca as vitórias que o Femen conseguiu em quatro anos de batalhas.

"Nosso maior feito foi fazer as pessoas falarem sobre a prostituição. Mas já arrecadamos dinheiro para famílias que compraram apartamentos e não puderam pagar e impedimos uma promoção de uma rádio da Nova Zelândia que queria sortear uma noite de sexo com uma ucraniana." 

Gleb Garanich/Reuters

Ativista do Femen, em um dos protesto...

 

GRUPO QUER AGIR NO BRASIL E CRIAR 'UNIVERSIDADE'

O Femen tem planos audaciosos para o futuro. Quer se espalhar pelo mundo e ter uma "universidade" para as ativistas.

A ideia é atrair as pessoas interessadas em se tornar militante dos direitos das mulheres, treiná-las e devolvê-las aos países de origem, criando núcleos da organização no exterior.

O processo de internacionalização já começou. França, Turquia, Bélgica, Itália, Rússia e Belarus são alguns dos locais que receberam a organização.

Das 390 integrantes do Femen, 50 são estrangeiras. Existe até um grupo de 15 muçulmanas francesas que se uniu às ativistas.

E um dos próximos alvos das feministas é o Brasil. Segundo a porta-voz do grupo, Inna Shevchenko, elas só não visitaram o país ainda devido a limitações financeiras.

"Sabemos que a indústria sexual é muito forte no Brasil, que há crianças e adolescentes se prostituindo. Vamos encontrar um jeito de ajudá-las. Precisamos fazer isso para poder influenciar as bravas mulheres brasileiras."

Via: primeiraedicao.com.br


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