São o lado sórdido do Campeonato da Europa 2012. Opõem-se radicalmente à realização da prova na Ucrânia e usam as armas
que podem nos protestos públicos: exibem corpos despidos, tatuados apenas com gritos inconformistas.
As FEMEN são,
oficialmente, uma ONG. Um grupo de mulheres contestatárias, dispostas a criar um novo estilo de vida numa sociedade que dizem
estar «doente».
Para perceber melhor as suas intenções, o Maisfutebol entrevistou a líder e fundadora Anna
Hutsol.
Anna só fala ucraniano e a barreira linguística apenas foi ultrapassada com a ajuda de uma tradutora. A
primeira questão era lógica: porquê o recurso à nudez nestes protestos organizados na Ucrânia e na Polónia?
«Apenas
uma ação radical pode ajudar a mudar a situação na Ucrânia. Temos de ser nós a agitar as coisas. Se formos para as ruas aos
berros ninguém nos liga nenhuma. Não vamos parar», responde Anna Hutsol, antes de rejeitar por completo a acusação que ouve
constantemente.
«Busca de protagonismo? Os nossos corpos são um meio para atingir um fim. Estamos fartas da corrupção
na sociedade ucraniana. O Euro2012 é a face mais visível dessa rede de favores e compadrios. O dinheiro gerado não ajudará
o país, apenas uma imensa minoria».
«Com o futebol isto ainda é pior»
Anna Hutsol tem 29 anos. Dedica-se
por completo ao projeto FEMEN. Outra das suas demandas é acabar com o que chama de «circo no turismo sexual».
«Com
o futebol é ainda pior. Os adeptos vêm, vandalizam a Ucrânia e tratam mal as nossas mulheres. 30 por cento das prostitutas
europeias são ucranianas. Fogem para essa vida por não terem alternativas», reclama a líder da organização.
«É esta
sociedade infernal que obriga as pessoas a fazerem o que não querem. Não aceito isso».
As imagens correm os noticiários,
são familiares. As FEMEN estiveram de seios ao vento no jogo de inauguração em Varsóvia, foram a Kyiv ao Ucrânia-Suécia e
planeiam novos protestos para breve.
«Continuarem a lutar da nossa forma. Fui assistente social alguns anos e percebi
o que as mulheres deste país passam. Há uma cultura patriarcal nojenta. Quem se quiser unir a nós só tem de ir ao nosso site
ou enviar-me um mail».
«Os homens podem ajudar, mas não sem roupa»
Afinal, quem são as mulheres
integrantes das FEMEN? «Somos um grupo heterogéneo. Há pessoas licenciadas, médicas por exemplo, e outras mais simples. Temos
a cabeça no lugar. Somos bonitas, não somos prostitutas».
Enquanto houver Euro2012, portanto, é muito provável,
que se volte a ver imagens de jovens ucranianas cheias de vida e convicções sociais. As ruas são delas e até o troféu do Euro esteve perto de ser vandalizado.
Esta entrevista não foi feita presencialmente.
Apesar do simpático convite de Anna para nos deslocarmos a Kyiv, os 600 kms de distância e a falta de tempo disponível impossibilitaram
a viagem.
Via: maisfutebol.iol.pt
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