Protestos
Sara Winter, representante no país do grupo de ativistas que nasceu na Ucrânia, prepara protestos na Copa das Confederações e Jornada Mundial da Juventude
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Marcelo Régua
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Anatoli Stepanov/Reuters
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Thiago Marzano/Reprodução
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Zanone Fraissat/Folhapress
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Se há uma reunião expressiva de autoridades ou a possibilidade de visibilidade nacional, lá vão elas. No momento, o destino é o Rio de Janeiro, ideal por receber este ano a Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude e, nos próximos anos, a Copa do Mundo e a Olimpíada. Os seios nus, as pinturas no corpo e os gritos estridentes do Femen, nascido na Ucrânia em 2008, terão uma sede brasileira na cidade maravilhosa. "Os olhos do mundo estão voltados para o Rio. E, para nós, é muito importante ficar mais perto dos nossos inimigos", diz a líder das ativistas no Brasil, Sara Winter (o sobrenome é fictício para preservar a família).
Os inimigos a que se refere Sara são a indústria da exploração sexual, ditaduras (a da magreza, entre elas) e "tudo o que priva a liberdade" de uma pessoa. "Os eventos do Rio com certeza vão atrair mais pessoas desse tipo. O que queremos é estar frente a frente com elas", enfatiza. O grupo ainda não tem sede física. Sara vive atualmente na ponte aérea – sua família mora no interior de São Paulo. No Rio, acolhida na casa de amigos, está impressionada com os altos preços dos aluguéis. "Não temos fiador nem dinheiro para depósito ou seguro fiança", conta, explicando que o Femen depende de doações feitas no site do grupo ou pelo perfil do Facebook, que vende alguns produtos, como camisetas – não exatamente um traje oficial, diga-se.
O dinheiro arrecadado também serve para buscar representantes de outros estados que ajudem a fazer volume no Rio – são quase vinte no país, seis das quais vivem em solo fluminense. A sucursal brasileira aguarda ainda um reforço das fundadoras do Leste europeu. Apesar da criação da sede brasileira, o grupo mantém o propósito de não reunir necessariamente uma multidão nos protestos. Afinal, tirar a roupa já chama bastante atenção. "Usar frases nos seios é a nossa maneira de obrigar as pessoas a refletir a respeito de um problema, através da surpresa, do choque", destaca.
Participar do Femen é mais que ter coragem de tirar a roupa. Todas as integrantes recebem treinamento específico. Sara passou um mês na Ucrânia no ano passado, aprendendo como agir e se defender. Elas aprendem técnicas de autodefesa, para enfrentar a abordagem policial. Também aprendem a atacar. Mas com o rosto: rir é proibido, e há um treinamento para usar expressões faciais que transformem uma mulher de seios à mostra em um retrato da indignação. O cenho franzido e a cara fechada entram em contraste com a coroa de flores coloridas e delicadas que sempre trazem na cabeça. Até os gritos são ensaiados: estridentes e firmes, sempre.
Inna Schevchenko, fundadora do Femen
Sara explica que as integrantes também passam por uma preparação psicológica. "Ser ativista é uma tarefa árdua. Você pode brigar com namorado, namorada, família, amigos, perder o emprego. E vai ficar com a ficha suja na polícia. Em um dia você não é ninguém, no outro está sendo arrastada por seguranças e tem a foto exibida no mundo todo. Isso pode ser um choque muito grande, então é preciso esclarecer tudo", detalha. A fundadora Inna Shevchenko, por exemplo, foi demitida do cargo que exercia na prefeitura de Kyiv assim que começou a estampar capas de jornais e sites pelo mundo. A brasileira, que nunca chegou a ter um emprego fixo, sobrevive com bicos que faz em recepção de eventos, como modelo e até, eventualmente, cuidando de idosos.
Aos 20 anos, Sara teve namorado que a agredia, um dos motivos que a levou a aderir ao movimento. Foi a primeira brasileira a se mobilizar, em 2012. Menos de um ano depois, já acumula uma coleção de protestos – o mais recente, na Aldeia Maracanã – e tenta lidar com o reconhecimento nas ruas, onde acredita que o Femen vá inspirar uma onda de protestos pacíficos. Por enquanto, Sara se satisfaz com a fama, que, para ela, é do grupo, não dela isoladamente. "As pessoas geralmente me param na rua e perguntam: 'Você não é a menina que mostra os peitos?' Elas podem não entender qual é o propósito, mas sabem quem eu sou e o que eu faço."
Leia mais: 'O seio não é um objeto sexual. É uma arma de protesto'
Via: veja.abril.com.br
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