26/10/2013
Por um momento, parecia que o Femen tinha chegado ao palco político principal. Josephine, uma ativista do Femen, estava conversando de longe com seus anfitriões, representantes do SPD (sigla para Partido Social Democrata) de centro-esquerda. A uma cadeira de distância estava sentado Olaf Scholz, o prefeito pelo SPD da cidade-Estado de Hamburgo, no norte da Alemanha. Enquanto ele subia à tribuna, Zana, uma ativista do Femen, endireitava seus óculos, enquanto sua colega Hellen aplaudia educadamente.
Dez minutos depois, enquanto Scholz falava sobre "o princípio de equidade e legitimidade" nas políticas para refugiados, as três mulheres arrancaram suas blusas, correram na direção do prefeito, enfrentaram os guarda-costas dele e gritaram repetidamente, "Que vergonha, Scholz!" Hellen tinha as palavras "Fora, Scholz" pintadas em seu peito e "Pare com o Racismo" em suas costas. Em termos de protestos do Femen, foi um dentro do padrão, apenas ajustado à controvérsia em andamento envolvendo refugiados em Hamburgo.
Há um ano, as guerreiras de seios nus da Ucrânia montaram uma base na cidade portuária. Elas e seus pares em Berlim vêm soando o grito de batalha no debate em torno do feminismo. As mulheres atacaram Vladimir Putin em uma feira em Hanover, invadiram o palco do programa de televisão alemão "Next Top Model" de Heidi Klum e protestaram em frente à chancelaria e no Reeperbahn, o coração do distrito da luz vermelha de Hamburgo.
O primeiro protesto do grupo, em uma loja da IKEA em Hamburgo em outubro de 2012, só obteve cobertura da mídia local. Após a emboscada a Scholz, as três feministas riam tomando cerveja em um restaurante tailandês, comentando que os guarda-costas de Scholz agora estão familiarizados com elas.
O fato é que o Femen se tornou um nome conhecido na Alemanha. É claro, isso é um sucesso por si só, mas também um problema.
Todavia, as integrantes do grupo na Alemanha, que agora chegam mais ou menos a 12, querem permanecer fiéis à sua causa. Mas para isso terão que inventar algo novo. Outras feministas criticam a forma delas de protesto há algum tempo. O que mudou, entretanto, é que a forma agora rotineira de protesto do grupo está cada vez mais entediando seus principais simpatizantes – as pessoas que não descartam imediatamente as integrantes do Femen como simplórias, antirreligiosas e sofredoras de amnésia histórica. De fato, o grupo corre o risco de se tornar... velho.
Fonte: UOL
Via: portalodia.com
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