Depois da condenação das duas francesas e de uma alemã, a líder do grupo, a ucraniana Inna Shevchenko, disse que em resposta ao veredito o Femen iria organizar outros protestos no país. "Essa decisão política confirma o caráter ditatorial da Tunísia, que acha mais simples colocar meninas na cadeia que reconhecer que as mulheres têm o direito de fazer o que querem com o corpo", declarou. De acordo com ela, o grupo está indignado com a decisão da justiça tunisiana, e dará continuidade às ações na Tunísia.
Diversas manifestações simultâneas foram organizadas pelo grupo em apoio às militantes pelo Femen no Parlemento Europeu em Bruxelas, e nas embaixadas da Tunísia na Suécia e na Espanha.
O advogado francês das militantes, Patrick Klugman, que está de viagem marcada para Túnis, denunciou um ''ataque à liberdade de expressão." Ele disse ter ficado surpreso com a decisão, já que, legalmente, diz, não houve infração. "Trata-se de uma condenação grave", afirmou.
Ele espera mobilizar a opinião pública aproveitando a visita do presidente François Hollande ao país, em julho. No tribunal, nesta quarta-feira, as jovens disseram que não se arrependem da ação, e que mostrar os seios "não tem conotação sexual, faz parte do militantismo."
Em um comunicado, o Ministério das Relações Exteriores francês também disse que a França esperava "clemência" da parte das autoridades tunisianas, julgando a pena severa.
As francesas Pauline Hillier e Marguerite Stern, e a alemã Josephine Markmann, foram detidas durante uma manifestação em apoio a Amina Sboui, militante tunisiana que foi presa depois de pintar a palavra "Femen" em um muro perto da mesquita de Kaiouran, uma cidade considerada sagrada pelo Islã. Amina, de 18 anos, foi condenada a pagar uma multa mas continua presa, acusada de profanar túmulos. Sua mãe afirma que ela tem problemas psiquiátricos.
O caso traz à tona a questão dos direitos das mulheres na Tunísia, que tem preocupado a comunidade internacional. O país passa por uma transição política desde os protestos da Primavera Árabe, que culminaram na queda de Ben Ali e na chegada ao poder do partido islâmico Ennahda.
Via: portugues.rfi.fr
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