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Neve e protesto antiBerlusconi marcam primeiras eleições de inverno da Itália
Roma, 24 fev (EFE).- O mau tempo, que chegou a ter neve no norte, e os protestos de três feministas contra o ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi marcaram neste domingo o primeiro dos dois dias de eleições gerais da Itália, as primeiras da história da República que acontecem no inverno.
As primeiras horas de votação deste domingo, quando os colégios eleitorais ficaram abertos das 8h até as 22h locais (4h às 18h de Brasília), viram uma presença menor de pessoas, com uma participação que por volta do meio-dia estava em cerca de 14,94%, 1,57 pontos percentuais a menos que nas eleições de 2008, realizadas em abril durante a primavera.
Os principais líderes políticos, incluindo agora o reconvertido tecnocrata Mario Monti, cuja renúncia como primeiro-ministro em dezembro passado fez com que as eleições fossem antecipadas dois meses, votaram em diferentes pontos do país no primeiro dia de eleições que 'a priori' criam um cenário incerto, com o temor de um possível governo de centro-esquerda instável no Senado.
O candidato que mais madrugou foi Monti, senador vitalício e candidato a primeiro-ministro pelas chamadas listas 'moderadas', que foi votar em companhia de sua mulher às 10h locais em seu colégio eleitoral de Milão para depois assistir à missa.
Uma hora depois foi a vez do candidato favorito, o líder da coalizão de centro-esquerda Pier Luigi Bersani, em sua cidade, em Piacenza, poucos minutos antes que em Roma, o presidente da República, Giorgio Napolitano, depositou seu voto para os representantes parlamentares dos próximos cinco anos.
Todos eles foram às urnas sem problemas, mas não foi assim com Berlusconi, líder da coalizão de centro-direita que aspira a ser o próximo ministro da Economia, pois ao chegar à seção eleitoral de Milão onde vota teve que escutar os protestos do movimento ucraniano feminista Femen.
Três moças, duas ucranianas e uma francesa, se misturaram entre os jornalistas, tiraram as blusas e exibiram a frase 'Basta Silvio' pintada no corpo, enquanto gritavam 'Basta, Berlusconi! Basta, Berlusconi!'.
Os policiais que vigiavam a seção conseguiram deter as mulheres e afastá-las do local até a delegacia para identificar as ativistas, cuja ação foi reivindicada no Facebook pelo Femen e que enfrentarão agora a acusação de escândalo público e resistência à autoridade.
Berlusconi, envolto em polêmicas por ter atacado a austeridade europeia e a magistratura italiana ontem, em pleno dia de reflexão, quis minimizar a importância do fato, chegando a brincar com os fotógrafos sobre a dificuldade que para ele tem 'virar à esquerda', inclusive para posar.
'São exageros. Quem raciocina com a inteligência e com o cérebro não pode mais votar em uma direção e comportar-se de modo consequente. Depois há toda essa série de situações sem razão que existem e não podemos fazer nada', disse o ex-primeiro-ministro, em referência à ação do Femen.
O comediante Beppe Grillo, por sua vez, não informou quando irá votar.
Mais de 50 milhões de pessoas foram convocadas a votar nestas eleições (3,5 milhões de italianos que moram no exterior puderam votar por correio antes), nas quais as últimas pesquisas dos partidos, segundo o jornal 'Corriere della Sera', confirmam a vitória de Bersani, candidato que aposta nas reformas econômicas sem negligenciar os direitos sociais.
A dúvida sobre o resultado se dá pela possibilidade de que Bersani não obtenha a maioria necessária no Senado, nem mesmo se unindo a Monti.
Nestas eleições, em que o clima ruim causou danos em algumas cidades pequenas, estão em jogo as 630 cadeiras da Câmara dos Deputados e as 315 do Senado, no qual, além de Monti, têm posto fixo outros quatro membros vitalícios, entre eles o próprio Napolitano, assim que expirar seu mandato, em maio.
Estas eleições, em que amanhã se votará das 7h às 15h (5h às 11h de Brasília) e nas quais têm papel fundamental as promessas de reduções tributárias dos candidatos, sobretudo de Berlusconi, acontecem também de forma regional na Lombardia, no Lácio e em Molise, três regiões com eleições antecipadas.
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