Draghi: retoma deve-se ao preço do petróleo… e ao BCE

A retoma em curso na zona euro, mesmo modesta, deve-se, na realidade, a "dois fatores" complementares, a descida dos preços do barril de petróleo desde junho de 2014 e a política de estímulos monetários do Banco Central Europeu (BCE), disse Mario Draghi esta terça-feira em conferência de imprensa, depois da reunião do conselho de governadores que decidiu não mexer nas taxas diretoras de juros. Draghi não deixaria de sublinhar o bom andamento do novo programa alargado de compra de dívida pública e privada colocado em marcha desde 9 de março.

Depois de interrompido durante alguns minutos por um protesto de uma ativista, presumivelmente do movimento FEMEN, contra a "ditadura dos homens no BCE", o presidente do BCE acabaria por terminar a leitura da análise macroeconómica e passar às respostas aos jornalistas presentes.

Aos dois fatores que estão a segurar a retoma, um que deriva da situação específica do mercado petrolífero mundial e outro da ação do BCE, Draghi acabaria por juntar um terceiro fator, uma situação mais "saudável" do sistema bancário da zona euro, depois dos exames realizados no ano passado.

Essa situação mais saudável permite, agora, ao sector bancário da zona euro desempenhar melhor o papel de "canal" de transmissão da política monetária para a economia real, e em particular para o mundo empresarial. Os primeiros sinais de que o "canal" está a funcionar melhor serão já visíveis na retoma da procura de crédito, diz o comunicado da reunião do BCE. O survey trimestral realizado pelo BCE junto de 142 bancos da zona euro, publicado esta semana, e que incidiu sobre as mudanças no primeiro trimestre e as expetativas para o segundo, refere que a liquidez adicional facilitada pelos estímulos monetários, já está a ser usada pelos bancos para conceder empréstimos.

Do ponto de vista dos objetivos da política monetária do BCE visando uma inflação no médio prazo ancorada próximo de 2%, o conselho de governadores constata que o processo de inflação negativa recuou, com o Eurostat a divulgar uma inflação negativa de -0,1% em março depois de -0,3% em fevereiro e -0,6% em janeiro. No entanto, Draghi sublinhou que a estratégia do Banco central não se baseia em dados pontuais, mas na avaliação das tendências. E quanto à tendência em muitos indicadores sobre a inflação, ela melhorou dramaticamente em relação a dezembro passado. Adiantou que ainda não é obvio o efeito na inflação da depreciação do euro face a um cabaz de divisas de parceiros da zona euro, e em particular em relação ao dólar. Advertiu que em 2015, tendo em conta o atual curso dos preços do petróleo (com um preço médio anual de 58,14 dólares previsto pelos técnicos do Fundo Monetário Internacional), a inflação anual deverá "manter-se baixa ou mesmo negativa nos próximos meses".

O BCE espera que a retoma se possa fortalecer. O crescimento do PIB real na zona euro cresceu uns modestos 0,3% no último trimestre de 2014 em relação ao período homólogo. Segundo dados do "World Economic Outlook" (WEO) do Fundo Monetário Internacional (FMI), o crescimento da zona euro no ano passado foi de 0,8% e a previsão aponta para 1,5% em 2015 e 1,6% no ano seguinte e o mesmo ritmo em 2019, o último ano das previsões agora divulgadas.

São níveis de crescimento modestos face a 3% registado em 2007, antes da crise financeira global. Christina Lagarde, a diretora-geral  do FMI, fala de "mediocridade", mas essa linguagem não é usada pelo BCE. Mesmo esse horizonte de crescimento depende "da implementação completa"  da política monetária "acomodativa" colocada em prática pelo BCE, frisou Draghi. Uma frase sublinhada para que não restassem dúvidas sobre a indispensabilidade dela e sobre o facto de que esta equipa do banco central não recua dessa linha, apesar de dúvidas constantes levantadas por muitos analistas que Draghi considerou "prematuras". Reafirmou que o BCE não dispõe de evidência que indique que a política monetária "acomodativa" esteja a gerar "bolhas".

Insistiu que a política monetária não chega e que a implementação de reformas no mercado laboral e do produto tem de ganhar dinâmica em muitos membros do euro, bem como compete à política orçamental apoiar a retoma, ainda que mantendo-se conforme ao Pacto de Estabilidade e Crescimento.

O BCE recebeu, esta primavera, uma "prenda" do FMI, cujas reuniões estão a decorrer em Washington DC. O WEO aponta para uma descida da probabilidade de recessão até ao final deste ano e de deflação até ao segundo trimestre do próximo ano, ainda que no último caso se mantenha próxima de 30% .

 

 

 

Via: expresso.sapo.pt


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