A nova geração de feministas sexy: quem são e o que elas pensam

A ucraniana Alexandra Shevchenko, líder mundial do Femen (Foto: femen.org)

Ficou no passado aquele estereótipo de que as feministas não se preocupavam com o corpo, vestiam roupas mais sérias – muitas vezes do guarda-roupa masculino – e tinham pouca vaidade. A nova geração dessas mulheres corajosas alia beleza, estilo, atitude e preocupação com o corpo. A autodeterminação sobre o corpo feminino é, inclusive, uma das causas de seus manifestos. As neofeministas são assumidamente sexy e protestam contra o preconceito com mulheres que assumem seu lado mais sensual e são vítimas da violência.

"Vivemos em uma sociedade onde o sexo é usado contra as mulheres, tanto quanto pelas mulheres. Há machismo em relação a elas, devido ao estereotipo criado pelas pessoas. Minha observação mais frequente é de que as feministas são quase sempre as pessoas mais sexy entre quatro paredes", afirma a jornalista Jennifer Baumgardner no livro “Sexy Feminism”. A forma provocativa de protestar, que divide opiniões sociais, ganhou o mundo inteiro. Elas estão contrariando costumes culturais de seus países e lutando por direitos de igualdade. Veja alguns grupos que formam a geração de feministas sexy:

MANIFESTANTES DO GRUPO FEMEN, QUE PROTESTA DE TOPLESS EM LUGARES COMO UCRÂNIA E PARIS (Foto: femen.org)

TOPLESS CONTRA PUTIN, NA UCRÂNIA
Três ucranianas integrantes do Femen, grupo conhecido por seus protestos com topless, e um fotógrafo foram presos no último sábado (27). A reclamação delas era contra a visita do presidente russo Vladimir Putin para as celebrações do 1.025º aniversário da cristianização da Rússia e da Ucrânia. Na manhã do mesmo dia, a líder do grupo, Anna Gutsol, denunciou à agência de notícias AFP que foi agredida por um desconhecido.

"Deu um soco no meu rosto, tomou meu cachorro e fugiu. Corri atrás dele, mas só consegui ver que entrou em um carro e foi embora. Para mim não faz diferença que seja um membro do Serviço de Segurança Ucraniano (SBU) ou um bandido contratado por eles", declarou Anna, dando a entender que a agressão procurava intimidá-la durante a série de protestos contra Putin. "Toda intimidação e violência não irão nos deter", afirmou.

O Femen foi lançado em 2008, na Ucrânia, contra temas como o turismo sexual, racismo, homofobia e a pressão pelos padrões de moda e beleza. "Nunca me senti obrigada a estar depilada, maquiada e em cima do salto para causar uma boa primeira impressão. Faço isso porque gosto, é minha escolha. Nem sempre os homens ficam satisfeitos. Você precisa seduzir a si mesma, para mostrar aos homens o quanto se ama e se acha atraente", disse a feminista Mary em entrevista a Marie Claire francesa.

AS MENINAS DO THE MUFFIA, QUE PROTESTA EM LONDRES CONTRA A PRÁTICA EXAGERADA DA VAGINOPLASTIA (Foto: themuffia.org)

“I LOVE MY VAGINA”
Impossível citar as neofeministas sem lembrar das meninas da The Muffia, organização britânica que, em 2011, levou mais de 300 mulheres às ruas de Londres para protestar contra a obrigação que sentem em se depilarem e do aumento exorbitante de cirurgias plásticas na vagina com fins rejuvenescedores. "Amo a minha vagina!" era a frase usada por Sinead King e Katie O'Brien, líderes do movimento, em cartazes e frases pintadas no próprio corpo. “Por que tão poucas jovens sabem o que é o feminismo atual?”, questionavam as duas com alto falantes nas ruas da capital britânica. Sinead e Katie chegaram, inclusive, a acampar em frente a Topshop de Londres, onde vomitavam dentro de um balde para protestar contra as campanhas com modelos que sofrem de algum tipo de distúrbio alimentar.

MARCHA DAS VADIAS EM SÃO PAULO (Foto: facebook)

"MEU CORPO, MINHAS ESCOLHAS"
A Marcha das Vadias tomou conta do Rio de Janeiro, na tarde do último sábado (27). Mais de mil pessoas foram às ruas para protestar pela causa já conhecida do grupo: a autodeterminação sobre o corpo feminino. Cartazes com frases como "Será preciso usar burca para você me respeitar?" eram comuns na passeata, que se chocou com o percurso da Jornada Mundial da Juventude, que também aconteceu na cidade.

A Marcha teve início no Canadá, em 2011, após um policial dizer às jovens da Universidade de Toronto que, se quisessem evitar serem estupradas, elas deveriam não se vestir como vadias. No mesmo ano, 3 mil pessoas tomaram as ruas da cidade canadense, num protesto batizado como SlutWalk. Ao ganhar o mundo inteiro, a versão brasileira do grupo ficou conhecida como Marcha das Vadias e protesta contra a crença de que a mulher é vítima de estupro porque seu comportamento provoca a violência.

MANIFESTANTES DA MARCHA DAS VADIAS (Foto: Facebook)

Para Cynthia Semiramis, do blog "Blogueiras Feministas", a maioria das pessoas ainda não entende do que se trata porque a grande mídia está mais preocupada em divulgar fotos das manifestantes de topless, reduzindo a diversidade e amplitude do evento. "A Marcha das Vadias é muito mais que isso: são centenas de participantes, sendo que é uma minoria que opta – legitimamente – por tirar a roupa ou parte dela", diz a mineira em sua página. "Você faz o que quiser. Se quer fazer topless, tudo bem. Se não quer tirar a roupa, tudo bem. Se mudar de ideia, tudo bem também. O corpo é seu, a decisão é sua e ninguém tem o direito de obrigá-la a fazer nada."

Na opinião de Cynthia, o termo que dá nome ao grupo precisa ser resignificado e tem machismo e moralismo embutidos. “’Vadia” é um termo usado de forma pejorativa para criticar somente mulheres e constrangê-las a assumir um papel de gênero bastante restritivo. As mulheres ainda são ensinadas a não serem vadias, que isso é “repulsivo” e “inadequado”. Porém, no fim das contas, somos todas vadias: basta a mulher fazer algo que não agrada às pessoas para ser chamada de vadia, mesmo que ela esteja com a razão. É contra essa cultura misógina que estamos lutando porque legitima violência e fere a liberdade das mulheres de serem quem desejam ser.”

Via: revistamarieclaire.globo.com


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