O corpo seminu, os braços erguidos e os punhos cerrados são a marca registrada delas. Nos seios descobertos, frases como "Abaixo o racismo" e "Abaixo o ódio", como foi possível ver em seu último protesto. Em meados deste mês, o grupo Femen fez uma manifestação contra o racismo diante do prédio em Berlim que recebia um encontro do NPD, partido de extrema-direita alemão.
Criado em 2008 na Ucrânia, o Femen é hoje um movimento internacional. Já atua no Brasil e na França, onde abriu, em Paris, sua primeira sede no exterior. No começo deste ano, o grupo se estabeleceu na Alemanha. O Femen conta com 20 integrantes no país, a maioria vinda de Berlim e Hamburgo.
Aleksandra Shevchenko é uma das fundadoras do grupo
As reuniões são em um café no centro de Berlim. Ali, as ativistas discutem detalhes do próximo protesto. Elas ainda não têm um local próprio para se reunir na cidade. Se não usassem coroas com flores de plástico na cabeça, provavelmente passariam despercebidas entre os outros clientes do café.
Entre elas está Aleksandra Shevchenko, uma das fundadoras do grupo feminista ucraniano. A jovem de 24 anos está em para Berlim supervisionar a criação de uma ramificação do grupo na Alemanha. Ela se comunica em inglês com as novas integrantes. O Femen chamou a atenção dessas mulheres quando as ativistas ucranianas protestaram contra o turismo sexual durante a Eurocopa, realizada em 2012 na Polônia e na Ucrânia.
Sem medo de protestar
Foi durante o torneio que a estudante Klara, de 22 anos e moradora de Berlim, descobriu o Femen. Poucos meses depois, decidiu, através do Facebook, juntar-se à ramificação alemã do grupo. Seu primeiro protesto com os seios à mostra foi em novembro do ano passado, em frente a uma casa de prostituição em Colônia.
Klara quer lutar pelos direitos humanos
"Tiramos a roupa todas ao mesmo tempo. Não estávamos com medo", conta Klara, que diz que o protesto, por ter chamado a atenção para a questão da prostituição, não foi em vão."Não estávamos protestando contra as prostitutas. Somos a favor da criminalização de seus clientes, como acontece na Suécia."
A jovem ativista diz ter consciência das consequência que seus atos podem ter: "Eu estou ciente de que fotos minhas de topless na mídia podem ser um problema para futuros empregadores."
Mas ela diz que não gostaria de trabalhar para uma empresa que não apoia a luta a favor dos direitos humanos. Enquanto isso, a família e as pessoas próximas a ela se dividem. O namorado não interfere, mas os pais temem que a filha possa sofrer agressões físicas durante um protesto.
Uma nova geração de feministas
Debby, por outro lado, conta com o apoio dos pais. A jovem, de 21 anos e filha de um jornalista fã do Femen, diz que é “incrível poder chamar a atenção para um problema com tamanha facilidade”. E por isso, afirma, decidiu se juntar ao movimento feminista.
Debby vem de uma família que apoia a causa feminista
Já Pippa, uma inglesa de 25 anos, decidiu se unir ao movimento por estar decepcionada com a velha geração de feministas. Ela vive há dois anos em Berlim. E, como algumas outras integrantes do grupo, já lutava pelos direitos das mulheres antes de aderir ao Femen.
Diariamente, as ativistas berlinenses do Femen recebem diversas solicitações de jornalistas, mas é Aleksandra Shevchenko que conversa com a imprensa. Ela também coordena as relações entre os grupos na França, no Brasil e na Ucrânia. A ativista quer ficar em Berlim pelo menos por seis meses.
"Até que haja uma equipe entrosada e uma líder forte, que não apenas repitam o que fazemos, mas que possam também agir de forma independente", afirma.
Autora: Olga Kapustina (mas)
Revisão: Rafael Plaisant Roldão
Via: dw.de
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