Tunísia - Dezenas de tunisianos manifestaram-se hoje contra a Femen, grupo de militantes feministas que mostram os seios como forma de protesto, em frente a um tribunal em Kairouan, onde uma ativista tunisiana daquela organização começou hoje a ser julgada.
As manifestantes, que empunhavam cartazes com as frases "Fora" e "Gente Porca", protestavam contra o julgamento da jovem ativista Amina Sboui, também conhecida como Amina Tyler, detida no dia 19 de maio enquanto pintava a palavra "Femen" no muro de um cemitério.
A jovem de 19 anos, que é acusada de posse ilegal de spray de autodefesa, apareceu hoje em tribunal coberta por um véu tradicional tunisiano (safsari).
Ao juiz, Amina explicou que tinha o spray para "defesa pessoal".
Um dos advogados de defesa, Souheib Bahri, sustentou que as acusações contra a jovem ativista se baseiam num decreto de 1894, que prevê penas de seis meses a cinco anos de prisão por posse de equipamento incendiário ou explosivo.
Segundo o advogado, Amina não arrisca mais que a pena mínima, uma vez que apenas tinha um spray de autodefesa. A sentença deverá ser conhecida durante a tarde de hoje.
Ainda hoje, deverão ser apresentadas a um juiz outras três ativistas - duas francesas e uma alemã -, que na quarta-feira mostraram os seios diante do Palácio da Justiça, em Tunes, em protesto pela detenção e julgamento de Amina.
No exterior do tribunal, em Kairouan, dezenas de manifestantes chocados com as ações da Femen dirigiram insultos ao advogado da jovem ativista e a polícia teve que fazer um cordão para proteger o edifício.
Vários advogados, dizendo-se representantes dos habitantes de Kairouan, reclamaram a participação no processo e pediram um alargamento das acusações contra a jovem, o que foi rejeitado pelo juiz.
"Ela quer semear a confusão e a sedição em Kairouan e queremos que o processo seja transferido para o procurador-geral. Isto não é apenas um caso de posse de bomba de gás lacrimogéneo", sustentou um dos advogados.
Antes do início da sessão, o pai de Amina, Mounir Sboui, mostrou-se orgulhoso da filha, mas considerou que os seus atos foram desmensurados.
Amina chocou a Tunísia em março ao publicar fotos com os seios à mostra na Internet, tendo recebido nessa altura ameaças dos islamitas, segundo o seu próprio testemunho.
A organização feminista Femen, fundada na Ucrânia e atualmente baseada em Paris, realiza há vários anos ações de protesto em que as ativistas mostram os seios para denunciar a discriminação das mulheres.
A Tunísia, governada desde 2011 pelos islamitas do Ennahda, tem uma das legislações mais liberais do mundo árabe relativa aos direitos das mulheres, mas a igualdade não está consagrada na Constituição.
Via: ebc.com.br
Short link: Copy - http://whoel.se/~6rOSN$2uc